Noções básicas sobre a língua japonesa:

(Fonte: Instituto Cultural Brasil-Japão)

I. A escrita japonesa; II. Kanji; III. Kanas; IV. Romaji; e V. Particularidades da gramática da língua japonesa.

I.   A ESCRITA JAPONESA:

Não existe vestígio de nenhum tipo de escrita no Japão anterior à introdução da escrita chinesa. A língua japonesa originou-se da linguagem Uralo-Altaica (linguagem pertencente ou relativa aos Montes Urais – Rússia e aos Montes Altai – Ásia Central) e não tem relação com o chinês, apesar de utilizar sua escrita e muitas de suas palavras.

O "Kanji" foi introduzido no Japão a partir do século III com a cultura chinesa. Os japoneses adotaram os ideogramas chineses utilizando o mesmo caracter para representar um objeto ou uma determinada idéia, mas conservando a pronúncia japonesa. Posteriormente, foram incorporados símbolos com a pronúncia original chinesa, em especial para formar novas palavras compostas. Em outros casos utilizaram somente a fonética do caracter para representar determinadas sílabas japonesas. A escrita desses caracteres do tipo fonético foi sendo simplificado dando origem aos Kanas (alfabéto silabário exclusivamente japonês). O japonês moderno utiliza duas formas de escrita:

II.   KANJI:

Os Kanji são usados para escrever a raiz de palavras, as palavras compostas e os nomes próprios. Até pouco depois da Segunda Guerra Mundial se empregou uns 7.000 Kanji diferentes. Em 1946 o governo japonês publicou uma lista chamada "Tôyô Kanji" para simplificar a escrita. Nesta lista constava 1850 caracteres autorizados a aparecerem em livros e jornais e que seriam ensinados nas escolas. Para elaboração desta lista foi feito um estudo minucioso de periódicos e jornais, selecionando os caracteres que mais se repetiam. Em 1981 foi publicada uma nova lista chamada "Jôyô Kanji" constando 2.111 caracteres (1.945 caracteres mais usados e 166 caracteres que fazem parte de nomes próprios e sobrenomes mais comuns).

Um dos motivos para que se conserve este tipo de escrita é por ser o japonês um idioma rico em vocábulos, mas pobre foneticamente. Possui palavras simples para expressar conceitos que em português são necessárias duas ou mais palavras. Por exemplo, irmão mais velho = "ANI"; arroz cozido = "GOHAN", etc. Por outro lado, um fonema como "KOO" pode chegar a ter 60 significados completamente diferentes, mas que são distinguidos na escrita por diferentes caracteres. A palavra "KAERU", por exemplo, pode significar: sapo/ voltar, regressar/ mudar, transformar/ trocar. Por isso o uso de um outro alfabeto dificultaria enormemente a compreensão da língua japonesa escrita.

No Japão, os primeiros nove anos de escolaridade são gratuitos e obrigatórios, tendo as crianças que freqüentar seis anos de ensino elementar, seguidos de três anos de ensino médio inferior. As crianças começam aprendendo Hiragana e Katakana e pouco a pouco os caracteres chineses. Durante os seis anos de ensino elementar são ensinados 996 Kanji. Ao final do ensino secundário inferior as crianças já têm conhecimento de todos os caracteres que fazem parte do "Jôyô Kanji". Noventa por cento dos estudantes que completam os nove anos de escolaridade obrigatória, prosseguem os seus estudos no ensino secundário superior durante três anos, onde aprende mais Kanji. Aqueles que vão para as universidades têm oportunidade de conhecer Kanji que aparecem quase que somente na literatura técnica.

Os filósofos japoneses têm classificado os Kanji em seis grupos:

  1. SHOKEI: Kanji que se originaram de figuras ou desenhos.
  2. Exemplo:    à    à     à        (Lê-se "HI" = sol)

                      à   à        à        (Lê-se "KI" = árvore)

  3. SHIJI: tipo de indicação, sinal.
  4. Exemplo: à  (um ponto sobre a superfície indicando "em cima")

  5. KAII: União de dois ou mais Kanji formando uma nova palavra:
  6. Exemplo:    (KI = árvore)

                       (HAYASHI = bosque)

                        (MORI = floresta)

  7. KEISEI: união de um Kanji que dá o significado com outro que dá o som.
  8. Exemplo: "HI" = . A parte de cima dá o som, e a de baixo indica que tem relação com o coração.

  9. TENCHU: a sua origem não está clara, mas tendo como base em determinado Kanji, modificando algumas partes ou associando com uma outra letra, forma-se um novo Kanji com significado semelhante àquela que deu origem.

     6.  KASHAKU: O significado não tem relação com o Kanji original, apenas utiliza-se o som.

III.   KANAS:

    Os japonese utilizaram alguns caracteres chineses e aproveitando sua fonética, criaram um alfabeto silabário: os Kanas. Parece que foi utilizado pela primeira vez no século VIII, época de florescimento da literatura japonesa, quando se destacaram várias mulheres no campo da poesia. Existe uma versão de que foram as mulheres que simplificaram a escrita, tendendo a um tipo de escrita mais cursiva e eliminando certos traços. Por sua forma simples e plana se chamou Hiragana. Paralelo a este silabário se desenvolveu o Katakana, mais retilíneo e anguloso.O Hiragana se formou por evolução, o Katakana por abreviação.

    Atualmente o Hiragana é usado para escrever partículas, sufixos e prefixos necessários para a declinação e conjugação de palavras. O Katakana, em telegramas. Nos jornais e livros é empregado para transcrever nomes ocidentais, palavras de origem estrangeira, onomatopéia, etc.

    Existem ainda sons derivados como o são os das colunas "K", "S", "T" e "H", quando seguidos de "tenten" (um ´´ depois do caracter), transformando-se em "G", "Z", "D" e "B" respectivamente, ou seguido de um "maru" (um º depois do caracter) no caso da coluna "H", que se transforma em "P"; e também os sons conjugados que são a transcrição de um caracter da linha "I" com outro em tamanho reduzido para indicar conjugação, pertencente à coluna "Y": por exemplo, para transcrever o som "RYU" colocamos o Hiragana "RI" seguido de um pequeno Hiragana "YU".

IV.   ROMAJI:

    Sistemas criados para transcrever os sons da língua japonesa em caracteres romanos.
    São usados para escrever nomes de produtos comerciais na divulgação dos mesmos, para estudos lingüísticos por ocidentais, para ordenar dicionários ocidentais, etc.

V.   PARTICULARIDADES DA GRAMÁTICA DA LÍNGUA JAPONESA:

  1. Os substantivos não variam quanto ao número, grau e gênero. O plural de certas palavras se forma acrescentando-lhe um sufixo.
  2. O verbo vem geralmente no final da sentença.
  3. Não ocorre flexão verbal da pessoa.
  4. Existem somente dois tempos verbais: presente e passado. O verbo no presente pode se referir a uma ação habitual ou ao futuro. O passado equivale ao nosso pretérito perfeito. Os outros tempos verbais são indicados no contexto.
  5. Os adjetivos flexionam para indicar presente e passado, afirmativo e negativo.
  6. A função gramatical das palavras é indicada por partículas que aparecem sempre depois delas.

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