Ensinamento de Meishu Sama:

OS JAPONESES E AS DOENÇAS PSÍQUICAS

Atualmente, as pessoas vivem falando sobre degradação moral, aumento de crimes, política deficiente, etc. Vou mostrar que tudo isso tem profunda relação com a doença psíquica. Em primeiro lugar, explicarei a verdadeira causa desse tipo de doença. Todos vão se surpreender, mas, como se trata da própria Verdade, estou certo de que compreenderão, a menos que se trata de um doente mental.

A verdadeira causa da doença psíquica é física e, ao mesmo tempo, fenômeno de encosto. Para os homens da atualidade, que receberam uma educação materialista, talvez seja um pouco difícil entender isso, o que é plenamente justificável, pois lhes incutiram na mente que não se deve acreditar naquilo que não se vê. Porém a Verdade é a Verdade. Mesmo que a neguem. Se disserem que o espírito não existe, por se invisível, terão de concluir que também não existe o ar nem os sentimentos.

O espírito existe porque existe; o fenômeno de encosto também existe porque existe. Se não partimos desse princípio, não poderei explanar a minha tese. Assim, é melhor que aqueles que negam firmemente a existência do espírito não a leiam. Há pessoas que nos julgam supersticiosos, mas para nós elas é que o são; portanto, consideramo-las dignas de pena.

Mostrarei, a seguir, por que eu afirmo que a doença psíquica é um fenômeno de encosto.

Muita gente se queixa de ter o pescoço e os ombros enrijecidos. Creio mesmo que quase todos os japoneses se queixam disso. Aliás, pela minha longa experiência, posso afirmar que todas as pessoas apresentam esses sintomas. É raro alguém dizer o contrário, mas, em tais casos, o que acontece é que o pescoço e os ombros da pessoa se encontram tão rijos, que se tornam insensíveis à dor. Esse enrijecimento constitui a verdadeira causa da doença psíquica. Posso imaginar o espanto e a surpresa dos leitores, mas creio que, com o desenrolar da explicação, vão acabar compreendendo.

Com o enrijecimento do pescoço e dos ombros, as veias que levam o sangue ao cérebro ficam comprimidas, causando anemia na parte frontal da cabeça. Aí está o problema, pois a anemia cerebral não se resume numa simples anemia. Como o sangue é espírito materializado, ela não é se não a falta de células espirituais que alimentam o cérebro, provocando o enfraquecimento espiritual, causa imediata da doença psíquica. Os espíritos aguardam essa oportunidade para encostar. A maioria é de animais como raposa, texugo e, mais raramente, cães e gatos, e sempre é um espírito desencarnado. Pode haver, também, encosto simultâneo de espírito humano e animal.

Analisando o pensamento humano, diremos que ele é constituído de razão, sentimento e vontade, os quais levam o homem a ação. A função da parte frontal do cérebro é comandar a razão, e a da parte posterior é comandar os sentimentos. Como prova disso, o amplo desenvolvimento da parte frontal da cabeça, nas pessoas de raça branca, indica a riqueza da razão; ao contrário, as de raça amarela possuem a parte frontal estreita e a parte posterior desenvolvida, indicando a riqueza dos sentimentos. Todos sabem que a raça branca é a mais racional, e a raça amarela a mais emotiva. A razão e o sentimento estão sempre em luta dentro do homem. Se a razão vencer, não há falhas, mas a pessoa torna-se fria; se o vencedor for o sentimento, os instintos ficam em liberdade, o que é perigoso. O ideal é os dois se harmonizarem e a pessoa não pender para um só lado, mas geralmente isso não acontece. Para o sentimento ou a razão se expressarem em ação, seja grande ou pequena, necessita-se de vontade, a qual provem de uma função situada em determinado ponto da zona umbilical. Essa é a origem de todas as ações, e a união dos três elementos – razão, sentimento e vontade – constitui a trilogia do pensamento.

O enfraquecimento espiritual na parte frontal da cabeça provoca insônia. Esta, na maioria das vezes, é causada por pontos solidificados na zona occipital direita, que comprimem as veias. Como a insônia acelera o enfraquecimento espiritual, os espíritos aproveitam a oportunidade para encostar. A parte frontal da cabeça é a sede de comando do corpo, e o espírito, ocupando essa parte, consegue dirigir livremente o indivíduo. Ele tem interesse em utiliza-lo à sua vontade, pois com isso se torna influente entre os companheiros. O ser humano nem pode imaginar como é grande esse interesse. Brevemente, baseando-me nas minhas observações, pretendo escrever sobre os espíritos de raposa.

Conforme eu vinha explicando, a razão controla constantemente o sentimento – que é o instinto do ser humano – cuidando para este não cometer erros. Por isso o homem pode, mesmo precariamente, levar uma vida normal, pois o instinto está sendo dominado pela razão que, funcionando como lei, mantém a ordem na vida. Portanto, se o homem perde a força dessa lei, o sentimento se desvia, livre e desenfreado. Eis o que é a doença psíquica.

Sabedor de que a lei está brilhando dentro da parte frontal da cabeça do homem, o espírito desejoso de dominá-lo encosta num certo ponto, objetivando aquela região. É claro que se a pessoa estiver com a plenitude de sua energia espiritual, não há possibilidade de encosto.

A força de atuação do espírito é variável. Se na parte frontal da cabeça a energia espiritual da pessoa for de 100%, o encosto é impossível; se for de 90%, o espírito encostará 10%, no caso de se tronar 80, 70 ,60, 50 ou 40%, o espírito encostado conseguirá manifestar uma força de 20, 30, 40, 50 ou 60%. Quando a força da razão é 40%, torna-se impossível controlar a força do sentimento, que é 60%; assim, o espírito encostado pode governar livremente o homem. Como explanei no início, o enrijecimento do pescoço e dos ombros comprime as veias e causa o enfraquecimento espiritual, propiciando ao espírito encostado atuar na mesma proporção desse enfraquecimento.

Atualmente, todo mundo está nessas condições. Pode-se dizer, portanto, que não há ninguém com energia espiritual total; até aqueles que são respeitados na sociedade pela sua integridade moral, têm deficiência de mais ou menos 20 a 30%. Às vezes acontecem coisas que nos levam a perguntar: Por que uma pessoa tão maravilhosa cometeu tal erro? Será que não entendeu aquilo? Por que será que falhou? E outras perguntas semelhantes. A razão de tais atitudes está nos 20 ou 30% de deficiência da energia espiritual da pessoa.

Entretanto, essa porcentagem não é fixa; está constantemente oscilando. Mesmo quando tomam atitudes louváveis, os homens Têm cerca de 20% de deficiência; quando têm maus pensamentos e por algum motivo cometem crime, estão com aproximadamente 40% de deficiência. Isso é o que vemos acontecer com frequência, Quando retorna aos 20%, em geral a pessoa se arrepende do que fez. Segundo um dito popular, ela foi tentada pelo demonio.

O normal é ter-se de 30 a 40% de enfraquecimento da energia espiritual, mas, conforme o motivo, a qualquer momento essa porcentagem pode ultrapassar os 50%. Nesse caso, as pessoas cometem crimes inesperados. Um exemplo disso é a histeria, cuja causa, quase sempre, é o encosto de um espírito de raposa, o qual domina a razão e, levado pelo ciúme ou pela ira, atua com uma força que excede o limite dos 50%.

Assim, as pessoas fazem escândalos ou falam coisas incoerentes, nas quais nem estavam pensando. Mas isso não continua por muito tempo, porque aquele limite de 50% novamente se reduz. Sendo assim, o homem deve fazer o possível para manter o limite no máximo 30% de enfraquecimento da sua energia espiritual; se chegar a 40%, já é perigoso.

Creio que, tomando conhecimento do que acabamos de explicar, poderão compreender perfeitamente por que há tantos criminosos hoje em dia. Como o espírito encostado é de animal, se a sua força de atuação ultrapassar o limite dos 50%, temporariamente o espírito da pessoa ficará nas mesmas condições daquele, embora a aparência seja de ser humano. A diferença mais notável entre o homem e o animal é que o primeiro tem capacidade de reflexão, mas o segundo não tem. A vontade do animal é apenas matar a fome, mas, como a ganância do homem é ilimitada, uma vez que ele manifesta características animais, revela uma crueldade inimaginável.

Como eu falei, já que não existe ninguém cujo espírito seja 100% forte, todas as pessoas – umas mais, outras menos – são influenciadas pelo encosto de um espírito; assim, proporcionalmente à força de atuação desse espírito, todas sofrem de doença psíquica. Falando sem reserva, não exagero afirmar que todos os japoneses, sem exceção, são doentes mentais, mesmo que em pequena proporção.

Vou relatar minha experiência sobre isso.

Diariamente encontro dezenas de pessoas e converso com elas sobre vários assuntos, mas posso dizer que todas cometem falhas, que todas fazem coisas esquisitas; até mesmo as que recebem consideração social, embora nestas, normalmente, as falhas não sejam percebidas. Sendo assim, creio que podemos dizer que a doença psíquica em menor grau está generalizada.

E não é só o que as pessoas dizem, mas também o que fazem. Pelas atitudes do dia-a-dia percebe-se claramente que quase ninguém tem bom senso. As criaturas não mostram o mínimo interesse pela etiqueta e pelas boas maneiras.

Em geral, quando entram na sala e me cumprimentam, olham para lugares como a parede, o jardim, etc. Há algumas que são cheias de mesuras, e outras, ao contrário, secas demais, pelo que se pode concluir que todo mundo é doente psíquico em pequeno grau.

25 de setembro de 1949

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