Ensinamento de Meishu Sama:
AS CINCO INTELIGÊNCIAS
Existem vários tipos de Tie (inteligência). Podemos classificá-las em cinco grandes categorias, numa escala gradativa a que denominei os cinco Chi.
Sin-chi, ou Tie Divino, é a suprema inteligência. Seguem-se pela ordem, Myo-chi (inteligência búdica ou intuitiva), Ei-chi (sabedoria), Sai-chi (inteligência superficial) e Kan-chi (astúcia ou inteligência maléfica).
Sin-chi, a suprema inteligência, não pode, normalmente, ser alcançada por indivíduos comuns. Somente os homens especialmente incumbidos de uma importante missão divina, recebem esse Tie de Deus. Os antigos chamavam de inteligência humana o saber adquirido por meio do estudo ou da experiência, e denominavam Sin-chi (inteligência divina) o saber que não é aprendido.
Myo-Chi é a inteligência búdica ou intuitiva. Considerada em relação a Sin-chi que é Tie masculino, pode-se dizer que Myo-chi é uma inteligência feminina.
Ei-chi é a inteligência dos sábios. No budismo, denomina-se Tieshokaku ou simplesmente Tie. Hoje em dia, raras são as pessoas dotadas desse tipo de inteligência, devido à perversão das idéias e pensamentos, o que dificulta o discernimento correto.
Quando, por exemplo, políticos e eruditos se reunem para discutir algum problema, perdem horas e horas quebrando a cabeça para encontrar uma solução. Quando o problema é um pouco mais complexo, dezenas de cabeças se reunem durante dias seguidos para longos debates e discussões, mas nem assim conseguem chegar facilmente a uma solução. Isto prova como está embotado o trabalho cerebral.
Pensem, porém, que todo e qualquer problema, seja ele qual for, tem apenas uma solução, nunca várias soluções. É verdadeiramente lamentável que, para encontrá-la, se desgastem tantos cérebros durante dias e dias, simplesmente por falta de Ei-chi. A falta de Ei-chi resulta de um cérebro nebuloso. O cérebro nebuloso resulta da perversão do pensamento. A preversão do pensamento resulta de uma crença fervorosa no materialismo. A crença fervorosa no materialismo resulta do não-reconhecimento da existência de Deus. O não-reconhecimento da existência de Deus resulta da falta de uma religião que inspire a fé em Deus. Pode-se dizer, portanto, que a religião que patenteia a existência de Deus é uma religião viva.
A necessidade de exprimir-me de modo tão prolixo sobre o assunto deve-se à deterioração do cérebro do homem contemporâneo. Quem possui Ei-chi pode encontrar em poucos minutos, ou em algumas dezenas de minutos, a solução de qualquer problema. Sempre digo aos meus discípulos que limitem o debate de uma questão a 30 minutos ou, no máximo, a uma hora. Se durante esse período não tiverem encontrado a solução, é preferível protelar a reunião ou consultar-me diretamente. Via de regra, costumo encontrar em poucos minutos a solução dos mais difíceis problemas. Quando não encontro tão rapidamente, deixo a questão de lado, sem forçar. Assim, não tarda a surgir em minha mente, como um lampejo, a solução inspirada.
Sai-chi é uma forma superficial de inteligência. Embora as idéias apresentadas por tais indivíduos pareçam muito boas num primeiro momento, acabam infalivelmente revelando falhas que fazem os outros perder a confiança. Em suma, pode-se dizer que é uma inteligência tola, lenta e inferior.
Kan-chi é a inteligência maldosa, muito comum entre os intelectuais e as classes dirigentes, razão por que a sociedade não pode melhorar. Somente com a aniquilação desse Tie maligno poderá surgir uma sociedade pura e alegre e uma nação digna. Mas haverá algum meio de aniquilá-lo? Não é difícil, basta destruirmos sua raiz. Isto, porém, é impossível sem uma poderosa atividade religiosa que consiga despertar a crença na existência de Deus.
20 de agosto de 1949