Ensinamentos de Meishu Sama:

ARTE E RELIGIÃO

Muitas pessoas acreditam que entre religião e arte não existem relação, o que, a meu ver, constitui um erro. Na verdade, a arte tem como objetivo elevar os sentimentos, tornar a vida mais copiosa, proporcionar alegria e revalorizar o sentido de dignidade da existência humana.

Quando alguém de certa cultura artística contempla as flores da primavera, as folhagens coloridas do Outono ou qualquer outra paisagem natural, sente brotar dentro de si uma alegria incontida. E deve, então, exprimir de alguma forma essas sensações para que os demais percebam aí um reflexo do reino de deus na Terra, aquele mundo ideal composto de verdade, Virtude e beleza, do qual sempre lhes falo.

Por que, então, hoje, muitos religiosos não cultivam a arte?

Antigamente não era assim. Em geral os sarcedotes sabiam desenhar, eram hábeis escultores, elaboravam os projetos arquitetônicos dos templos e, dessa forma, exprimiam o seu maravilhoso gênio no campo da beleza.

Entre os artistas religiosos, o príncipe Shotoku foi o que mais se destacou. Há mil e duzentos anos, construiu em Nara (antiga capital do Japão) o templo Horyu, uma autêntica obra-prima com magníficas pinturas e esculturas. Ainda hoje, esse trabalho artístico continua a deslumbrar aqueles que o contemplam.

Por outro lado, muitos sarcedotes budistas e vários santos levaram uma vida de ascetismo: alimentavam-se frugalmente e vestiam-se com andrajos. Além disso, através de seus ensinamentos, pregavam só a Verdade e a Virtude; desprezavam o Belo, elemento indispensável para a construção do Reino de Deus na Terra. Eis porque insisto na necessidade de, a partir de agora, cultivarmos também a arte, forma verdadeira de expressão da beleza autêntica.

KOTOTAMA

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